Padre preso por estupro dopou jovem e teve denúncias abafadas por superiores na Igreja, diz delegada
25/08/2025
(Foto: Reprodução) Padre foi preso na manhã deste domingo (24), em Cascavel.
Polícia Civil (PC-PR)
O padre de Cascavel preso preventivamente por suspeita de estupro de vulnerável no domingo (24), é investigado por ter dopado um jovem de 19 anos e abusado sexualmente dele enquanto oferecia tratamento contra o vício em drogas, segundo a Polícia Civil do Paraná (PCPR).
A delegada responsável pelo caso, Thaís Zanatta, afirma que a investigação aponta ainda que denúncias anteriores, incluindo casos envolvendo crianças e outro seminarista, foram abafadas por superiores na Igreja, permitindo que o suspeito continuasse atuando como padre por anos.
De acordo com a polícia, o religioso já foi formalmente acusado por três crimes de abuso de vulnerável, mas o número de vítimas pode ser maior. O nome do padre não foi divulgado.
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O caso mais recente é de 2019, quando o padre teria abusado de um jovem de 19 anos, que estava sob efeito de medicamentos.
“Quando o jovem pede ajuda, o padre diz que ele terá que pernoitar na casa, porque iria receber um remédio. Esse jovem foi dopado e na terceira noite foi estuprado”, diz a delegada.
O padre está preso na Cadeia Pública de Cascavel e, posteriormente, será encaminhado ao sistema penitenciário.
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O arcebispo de Cascavel, Dom José Mário Scalon Angonese, disse em comunicado à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, que o padre foi suspenso assim que a denúncia chegou oficialmente à diocese, no dia 14 de agosto.
“Um processo de investigação já está em andamento. Temos um prazo de 90 dias na diocese e depois encaminhamos para a Congregação da Doutrina da Fé, no Vaticano. Se confirmado que houve pedofilia, a decisão de Roma tem sido clara: a demissão do estado clerical. Ele deixará de ser padre”, afirmou.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também foi contactada, mas não se manifestou até a última atualização desta reportagem.
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Vítimas e investigações
O primeiro registro contra o padre relatando abusos, segundo a delegada foi em 2010, quando ele ainda era seminarista.
“Esse abuso se deu contra outro seminarista, apesar da vítima ser maior de idade, ele estava em estado de sonolência, sendo considerado vulnerável”, conta a delegada Zanatta.
Outro caso foi registrado entre 2013 e 2014, quando um menino de 13 anos, que atuava como acólito (auxiliar de missas), sofreu abusos.
Relatos colhidos pela polícia indicam que o padre realizava festas com bebidas alcoólicas, presenteava crianças e adolescentes e pedia que dormissem em sua casa.
“Há indícios de que algumas dessas crianças dormiam no quarto do padre, inclusive na cama dele”, afirmou a delegada.
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Polícia diz que superiores tinham conhecimento dos abusos
Segundo a Polícia Civil, as investigações apontam que a Igreja Católica foi informada de parte dos abusos, mas não levou os casos às autoridades.
RPC
Segundo a Polícia Civil, as investigações apontam que os superiores do padre na Igreja Católica foram informados sobre abusos, mas não levaram os casos às autoridades policiais.
“Esse caso foi levado na época para o arcebispo de Cascavel, porém nada foi feito, o arcebispo fez os dois seminaristas assinarem um acordo de que o fato não seria levado para as autoridades”, disse Zanatta.
Ainda segundo a delegada, em 2021, quando outro arcebispo assumiu a diocese, novas denúncias foram encaminhadas, mas também não chegaram ao conhecimento da polícia.
"O caso também tinha sido levado para a igreja católica em 2021, para o arcebispo que assumiu naquele ano, porém ele também fez pouco caso, não trouxe ao conhecimento das autoridades."
Segundo o arcebispo de Cascavel, dom José Mário Scalon Angonese, nomeado em 2 de maio de 2024, desde que assumiu trabalhou um código de conduta com os presbíteros.
"Esse tipo de acusação feita a esse nosso irmão padre, a igreja não aceita e não aprova. Há um desejo nosso de que a justiça, de fato, seja feita", afirma o arcebispo.
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