Vídeo: projeto flagra crescimento de onça filhote até a vida adulta no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná
29/06/2025
(Foto: Reprodução) Nascido em 2022, macho sobreviveu à fase mais crítica da vida na mata. Novo levantamento mostra leve recuo na população da espécie no Brasil. Projeto flagra crescimento de onça filhote até a vida adulta
O filhote de onça-pintada batizado de Pururuca, monitorado pelo Projeto Onças do Iguaçu, no oeste do Paraná, chegou à fase adulta, segundo a equipe de biólogos do parque. Desde 2022, o crescimento do animal é registrado por câmeras na mata. Assista acima.
Em maio deste ano, ele foi flagrado próximo a Céu Azul, a quase 100 quilômetros do local de nascimento, dentro do Parque Nacional do Iguaçu.
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“Ficamos muito felizes em vê-lo nas câmeras. As chances de um macho sobreviver ao processo de dispersão são pequenas, porque ele pode cruzar com caçadores, cidades ou outros machos que disputam o território. Ele está forte e saudável”, conta Yara Barros, coordenadora-executiva do projeto.
O macho nasceu em julho de 2022 e, no próximo mês, completa três anos. O nome, que tem origem no Tupi, significa "briguento" ou "atrevido" — apelido conquistado após o animal revirar, ainda filhote, o lixo próximo de uma área de visitação.
“A gente sempre procura dar nome em Tupi para as onças. Achamos que combina com a majestade deles”, explica Yara.
Pururuca flagrado ao longo dos anos no Paraná
Projeto Onças do Iguaçu
Pururuca é filho de Indira, uma das onças mais conhecidas do projeto, e foi acompanhado pela mãe até cerca de um ano e meio de idade, como é típico da espécie.
"Depois que completam cerca de uma ano e meio, os filhotes se separam e buscam seus próprios territórios. O Pururuca andou um bom tempo com a mãe, agora está bem longe", conta.
A onça-pintada é o maior felino das Américas e está criticamente ameaçada de extinção na Mata Atlântica. Segundo o Painel de Especialistas em Conservação da Natureza, restam menos de 300 indivíduos da espécie nesse bioma. No Parque Nacional do Iguaçu existem cerca de 25 exemplares da espécie.
Indira (ao fundo) e Pururuca caminham juntos pelo Parque Nacional do Iguaçu
Projeto Onças do Iguaçu
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Captura e avaliação
Pururuca é capturado e passa por exames e avaliação
Pururuca chegou a ser capturado acidentalmente em uma armadilha para jaguatiricas quando tinha cerca de 10 meses, em 2023. Por ser muito jovem na época, não foi possível colocar o colar de rastreamento.
“A intenção do colar é entender como ele está se movimentando pelo território. É importante entender seus deslocamentos e evitar conflitos com áreas habitadas”, afirma Yara.
Na captura, foram realizados exames de sangue, coleta de pelo, medição e análises para o acompanhamento do animal.
A equipe planeja uma nova tentativa de captura para colocar o colar de rastreamento e seguir acompanhando o Pururuca.
Pururuca aos 10 meses, após ser capturado para exames
Projeto Onças do Iguaçu
Censo mostra queda na população
Dados do Censo Binacional 2024, realizado por instituições científicas do Brasil e da Argentina, apontam uma leve queda no número estimado de onças-pintadas na região do Corredor Verde — área que abrange territórios dos dois países. A média passou de 93 animais em 2022 para 84 em 2024.
No lado brasileiro, os números permaneceram estáveis. O levantamento no Parque Nacional do Iguaçu registrou 27 indivíduos diferentes, dois a mais que em 2022. A estimativa é de existam 23 onças em média, dentro de um intervalo de 18 a 30 indivíduos.
"O monitoramento a cada dois anos é essencial para avaliar a saúde ambiental da região. Essa leve diminuição reflete uma pressão crescente sobre os ecossistemas", afirma Lucía Lazzari, da Fundação Vida Silvestre Argentina.
Entre os principais fatores de ameaça estão a caça ilegal, os atropelamentos e a perda de habitat. Segundo a fundação, é necessário reforçar o controle da caça, prevenir conflitos com animais domésticos e garantir recursos para o financiamento dos parques naturais.
De 2006 a 2018, com ações de conservação, a população de onças no Corredor Verde foi duplicada.
"Esse recuo agora mostra que os esforços precisam ser mantidos e ampliados", alerta Agustín Paviolo, do Projeto Yaguareté.
Na década de 1990, estimava-se entre 400 e 800 onças na região. Em 2005, o número despencou para cerca de 40. Com ações coordenadas e uso de tecnologia, a população foi recuperada — e agora exige vigilância constante para não voltar a cair. O monitoramento atual abrange uma área de 570 mil hectares.
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